Artigo publicado neste mês de setembro de 2020 por Samuele Cortese da Universidade de Southampton no periódico New England Journal of Medicine, intitulado Pharmacologic Treatment of Attention Deficit–Hyperactivity Disorder, traz importantes dados para o tratamento moderno de pacientes com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

Uma metanálise publicada em 2014 com o tempo médio de tratamento de TDAH de 136 dias em crianças e 230 dias em adultos. As maiores taxas de abandono do tratamento se dão em jovens de 15 a 21 anos devido a efeitos colaterais, auto-percepção de perda de efetividade do tratamento e de que não precisa do medicamento, não gostar de tomar remédios, estigma e, por fim, dificuldades na transição de serviços médicos infantis para adultos.

As medicações estimulantes mostraram-se superiores ao placebo na redução da severidade da desatenção e da hiperatividade/impulsividade, com maiores tamanhos de efeito para anfetaminas, seguidas do metilfenidato.

Um dado interessante mostrado refere-se aos efeitos benéficos de proteção ao paciente com o uso da medicação, tais como redução de lesões físicas não intencionais, de acidentes de trânsito, de uso de drogas e de incidência de crime. Houve ainda melhora do desempenho acadêmico.

Importante! Cabe ressaltar que não há relato de estudos consistentes que mostrem benefício do uso de medicação em indivíduos saudáveis que busquem melhora de performance escolar.

A maioria dos efeitos colaterais relatados com o uso de estimulantes é leve. São eles: redução do apetite, aumento de pressão arterial e frequência cardíaca, insônia e tiques. Todos podem ser manejados com medidas simples de seguimento e, apenas pacientes com histórico familiar ou pessoal de cardiopatia, devem realizar avaliação cardiológica prévia ao uso de estimulantes.

Giuseppe Pastura, Presidente do capítulo Rio de Janeiro.